É estranho que a existência de psoríase oral pareça tão rara. Outros distúrbios papulosquâmicos, como o líquen plano, são freqüentemente associados a manifestações orais, porém a psoríase oral é rara, dada a prevalência de doença cutânea. Uma explicação é que as lesões orais são assintomáticas e não chamam a atenção do clínico. Outras explicações, no entanto, são necessárias. O tempo de turnover epitelial é significativamente aumentado nas placas psoriásicas e pode ser tão rápido quanto 3 a 7 dias, enquanto o turnover epitelial normal é de 28 dias. Alguns sugeriram que este tempo anormalmente aumentado de turnover na psoríase se aproxima do tempo normal de regeneração do epitélio oral, e esta possibilidade pode ser responsável pela aparente falta de alterações na mucosa oral dos doentes com psoríase. É também possível que as lesões orais da psoríase sejam alteradas tanto clínica como histologicamente por outros factores dentro do microambiente oral e não sejam reconhecidas. Embora tenha surgido controvérsia na literatura sobre se as lesões da psoríase oral existem, existe evidência suficiente de que um subconjunto de doentes tem lesões orais associadas a uma doença cutânea. Esta ocorrência é mais comum em doentes com formas graves de psoríase, como a psoríase pustulosa generalizada. O diagnóstico da psoríase oral deve ser baseado em boas evidências clínicas e histológicas e, em geral, a evolução clínica das lesões orais deve ser paralela à da doença cutânea. A exclusão de outras causas é importante, particularmente se não existirem lesões cutâneas e se for feito um diagnóstico de psoríase oral isolada. Como nem as alterações clínicas nem as histológicas são absolutamente específicas para a psoríase, o doente necessita de uma avaliação holística. Dito isto, na prática diária é muito provável que não seja prático obter uma biopsia das lesões orais assintomáticas para estudos histológicos ou de imunofluorescência definitivos. O médico, contudo, deve ter um elevado grau de consciência e prestar muita atenção à mucosa oral nos doentes com psoríase. Um exame completo é imperativo, porque as lesões orais assintomáticas podem ser encontradas mais frequentemente em doentes com psoríase se os médicos verificarem habitualmente as membranas mucosas durante o exame cutâneo generalizado. Pelo contrário, em doentes com lesões orais problemáticas, um exame cutâneo que revele alterações subtis sugestivas de psoríase pode fornecer pistas para o diagnóstico oral. Uma história detalhada permanece a pedra angular do diagnóstico, porque uma história familiar de psoríase ou uma história de psoríase agora em remissão pode orientar os médicos quando notam lesões orais.
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