Pré-excitação ventricular (padrão Wolff-Parkinson-White)

Louis Wolff, Sir John Parkinson e Paul Dudley White, que descobriram o fenômeno que mais tarde seria chamado de síndrome de WPW.

O upstroke do complexo QRS é ‘slurred’, resultando em uma onda delta (seta).

A condução através do caminho de acessórios resulta numa onda delta.

Uma taquicardia atrioventricular através do feixe de acessórios. O sinal elétrico viaja dos ventrículos através do feixe acessório para os átrios e retorna aos ventrículos através do nó AV.

Em 1930 Louis Wolff, Sir John Parkinson e Paul Dudley White descreveram 11 pacientes que sofriam de taquiardias. Desde que se fala da síndrome de Wolff-Parkinson-White em pacientes com queixas de síncope e/ou taquicardia e um padrão pré-exitação no ECG (síndrome de WPW = padrão WPW + sintomas). Nem todos os pacientes com um padrão WPW no ECG são sintomáticos. A prevalência do padrão WPW ou de pré-exitação é relativamente comum na população geral (cerca de 0,15-0,25%).

O padrão de pré-exitação é causado por uma conexão extra entre os átrios e os ventrículos (feixe acessório) que forma um bypass elétrico ao nó AV. A parte do ventrículo onde este feixe acessório se conecta é a primeira a despolarizar. Isto é mostrado no ECG como uma onda delta. O QRS-complexo é um pouco alargado (> 0,10 seg). Também o tempo de PQ é menor (< 0,12 seg). Observando o padrão da onda delta nas diferentes derivações, pode-se estimar a localização do feixe de acessórios.

O risco de ter um feixe de acessórios é o desenvolvimento de taquicardias. Existem duas formas de taquicardias:

  • Uma taquicardia atrioventricular, na qual o sinal elétrico dos ventrículos é conduzido de volta para os átrios. Estas arritmias rápidas (> 200 bpm) podem deteriorar-se em fibrilação ventricular e morte súbita.
  • Uma taquicardia supraventricular com condução 1:1 através do feixe de acessórios. Um exemplo típico é a fibrilação atrial. A fibrilação atrial em WPW pode resultar em uma taquicardia rápida e irregular: Rápida, Larga & Irregular (FBI). Esta arritmia rápida também carrega o risco de se deteriorar em fibrilação ventricular e morte súbita.

Na prática clínica é, portanto, importante distinguir feixes de acessórios benignos de malignos.

Característica de um feixe de acessórios benignos

  • Padrão WPW intermitente no registro do Holter
  • Sudden desaparecimento do padrão de pré-exitação durante os testes de exercício.
  • O feixe de acessórios responde ao bloqueio por medicação (especialmente bloqueadores dos canais de sódio)

Características de um feixe de acessórios malignos

  • Ocorrência de arritmias muito rápidas durante ataques espontâneos de fibrilação atrial (> 240 bpm).

WPW pode ser tratado destruindo o feixe de acessórios com terapia de ablação. Dependendo do tipo de arritmias que ocorrem a terapia antiarrítmica pode desempenhar um papel.

Determinando a localização da via acessória

Ao observar atentamente a forma da onda delta no ECG, a localização da conexão acessória pode ser estimada com freqüência. Vários algoritmos foram desenvolvidos para este fim.

Vista do ápice, a válvula tricúspide e mitral formam um plano, em relação ao qual as conexões acessórias são nomeadas.

Grandes diferenças na prevalência de localização do feixe de acessórios

O algoritmo de Milstein é relativamente simples. Adaptado de:

O algorítimo Arruda. Adaptado de:


Exemplos

  • WPW em um ECG de 12 chumbo

  • Outro exemplo de pré-exitação num ECG de 12 chumbo

  • Outro exemplo de WPW num 12 ECG de chumbo

  • Fibrilação atrial em paciente com WPW: Irregularidade Larga Rápida (FBI)

  • Semelhante paciente como acima durante o ritmo sinusal: onda delta evidente

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